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Israel Santos é professor e palestrante. Trabalha na área da Tecnologia, Motivação, Inovação e Vendas. Entusiasta por natureza, gosta de ajudar pessoas a alcancançarem seus objetivos.

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27 de mai. de 2013

O jardim de minha mãe


Embora o dia das mães já passou, este é um interessante artigo para refletir sobre sua família.


Será que costumamos nos perguntar com frequência onde se encontra nossa felicidade? Qual é o nosso maior tesouro? Quando criança minha mãe costumava cuidar de seu jardim com muito cuidado e carinho.

Todos os dias ela acordava cedo e regava suas plantas, tirava as ervas daninha, replantava aquelas que estavam morrendo, adubava, conversava com ela com um carinho que me deixava emocionada sempre.
Um dia pedi a ela que queria também ter meu próprio jardim e ela me cedeu um pedacinho do seu jardim, me aconselhou a plantar ali mini rosas e que eu também acompanhasse o crescimento delas diariamente.

Minha paciência de criança durou muito pouco, nas primeiras semanas fiquei de olho nas minhas florzinhas, com o passar dos dias percebi que demorava até florir e acabei deixando prá lá e fui cuidar de minhas formigas e brincar com a minha cachorrinha Chulika, era mais divertido e mais rápido.
Sofria de bronquite em toda minha infância e não tive muitos amigos porque minha mãe me privava de tomar sereno, de correr, tomar gelado, andar de bicicleta, de brincar de amarelinha, de nadar, de viver!
Portanto, conversar com formigas era meu passatempo predileto, acreditava que elas me levariam até o Japão cavando um grande buraco junto com a Chulika e que juntas encontraríamos o Nacional Kid e salvaríamos o mundo.

Uma infância de solidão e muitos sonhos. Era muito feliz ao meu jeito. Gostava imensamente do meu quintal e de meus amiguinhos, eram muitos e todos eles muito fiéis a mim, jamais me abandonavam, fazíamos grandes banquetes e riamos a valer.
Chulika era uma vira lata branca encardida que provavelmente também tinha alguma doença parecida com a bronquite porque também não saia de casa e não brincava com outras cachorrinhas e nem com crianças, ela ficava todo o tempo ao meu lado e entendia meus devaneios e sempre conseguia interagir nas brincadeiras. Os bibelôs do abajur da sala eram meus brinquedinhos preferidos, copinhos, jarrinhas, xícaras, tudo para servir as formiguinhas e torná-las minhas fiéis companheiras, com direito a enterro em caixinhas de fósforos quando alguém, sem querer, pisava em uma delas.
Cresci assim, entendendo que as pequenas coisas eram importantes para que fossemos felizes não importando as situações.

Somos o que fazemos de nós mesmos. Criamos a nossa história boa ou ruim, eu preferi criar somente momentos bons e trago comigo as recordações dos meus amigos imaginários e dos heróis de infância.
No ano passado fomos morar numa casa em que na janela do meu quarto havia uma jardineira seca, somente com terra que penso nunca ter visto uma florzinha sequer.
Lembrei-me da minha mãe que jamais poderia ver uma terra seca sem cuidar e resolvi em homenagem a ela plantar o que ela mais amava, suas onze horas.
Na floricultura perguntei sobre mudas, terra, adubos, como faria para manter e lá fui eu para a primeira parte da missão quase impossível, me pendurar na janela do quarto e colocar toda a terra antes de plantar cinco tipos diferentes de onze horas.

Com todo cuidado iniciei o processo com uma paciência jamais vivenciada em mim, cada passo era como uma etapa da minha infância. Sentia minha mãe me ensinando os passos a dar, estava feliz e entusiasmada com a ideia de sentir minha mãe mais perto de mim novamente.
Ela se foi se esquecendo de uma coisinha ali e outra ali e aos poucos até o meu nome e a si mesmo ficou prá trás. No final ela só se lembrava mesmo da letra de sua musica predileta que dizia “receba as flores que lhe dou, e em cada flor um beijo meu, são flores lindas que lhe dou, rosas vermelhas com amor, amor que por você nasceu…” Com o mal de Alzheimer foi também o melhor da minha mãe e de toda nossa família.

O amor pelas flores foi a única coisa que restou a ela até o final de seus dias. E era o que eu estava resgatando em mim naquele momento. Minha vida agitada, minha agenda lotada, meus dias estressantes estavam deixando uma brecha para criar um momento para que eu pudesse me conhecer melhor e estar mais perto da minha infância e da minha mãe.
Não fiquei ansiosa como na infância esperando que do dia para a noite meu jardim estivesse florido, regava diariamente e via dia a dia ele crescer e as florzinhas florindo, até que um dia acordei e lá estava ele, completamente florido, de uma beleza que chegava a doer os olhos.
Naquele dia eu chorei, chorei muito. Pela beleza que via, por mim mesma, pela minha mãe e pela proximidade que via de nós duas naquele momento. Era como se ela estivesse ali me dizendo: Parabéns filha, você conseguiu, está realmente como eu mesma faria.

Todos os dias eu abria minha janela, regava meu jardim e apreciava minhas lindas flores, tirei fotos, coloquei no facebook, mandei para meus amigos, minha irmã, contei nas aulas, me gabei para todos da minha mais nobre proeza. Senti-me realmente feliz com minha descoberta de excelente mão para jardineira.
A falta de tempo muitas vezes me impedia de regar, mas mesmo assim pedia que minha assistente o fizesse diariamente e perguntava sempre se ela havia lembrado, estava sempre olhando mesmo se tarde da noite.
Fui viajar e fiquei alguns dias fora e quando voltei e olhei meu lindo jardim percebi que estava com alguns fungos brancos que não estava há uma semana, porém aquela era uma semana atípica e não teria tempo de ver nada, na outra semana cuidaria pessoalmente de comprar uma vitamina ou fertilizante, com certeza ficariam bem até na próxima semana.

Não ficaram. Quando abri a janela no domingo pela manhã não havia mais flores, somente um mofo branco que disseminou em todas minhas onze horas e terminou com meu lindo jardim. Entendi tudo. Não havia aprendido nada com minha mãezinha, ela jamais deixaria de cuidar pessoalmente de suas flores, muito menos de tirar suas ervas daninhas diariamente, não deixaria tomar conta de todo o jardim da maneira que deixei.

Chorei novamente, e percebi que estava fazendo o mesmo com minha família. Estava sem tempo de acompanhar de perto a vida de meus filhos e do meu marido, a falta de tempo e minha agenda atribulada me faziam esquecer-se das pequenas delicadezas do dia a dia, de rir alto e de brincar mais. Entendi rápida a lição aprendida e mudei a trajetória de minha vida.
Mudamos de casa e no meu quarto tenho uma linda varanda com um jardim cheinho de onze horas e mini rosas, onde cuido diariamente das minhas florzinhas e presto atenção pessoalmente para que as ervas daninhas não tomem conta mais dos vasos e se aparecer algum fungo tomarei conta para eliminá-lo imediatamente e não se alastrará mais nas outras plantinhas.
Hoje eu entendi os ensinamentos da minha mãe, por isso neste dia das mães dei como presente um lindo jardim que ofereço a ela com todo o meu amor onde estiver assim como o meu tempo para meus filhos e as pessoas que são meus verdadeiros tesouros.


Fonte: O jardim da minha mãe | Portal Carreira & Sucesso 

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